terça-feira, 10 de agosto de 2010

Uma noite, 2 filmes

Hoje fui assistir (no Cine Eldorado) dois filmes. Primeiro, Tudo pode dar certo, de Woody Allen, depois, O Escritor Fantasma, de Roman Polanski. A minha reação aos filmes não poderia ser mais distinta.
Woody Allen continua o mesmo, só que, desta vez, ele acertou. A começar pela escalação do elenco, Larry David interpreta o protagonista (aquele de sempre), muito melhor do que o próprio Woody Allen vinha interpretando. O Boris Yelnikoff (nome do personagem de David) consegue juntar a reflexividade e o típico falatório dos personagens de Allen com um postura mais calma e mais forte e sarcástica, coisa que o próprio Allen já não conseguia fazer. Boris Yelnikoff se tornou um achado do filme, talvez o melhor (pelo menos dos que eu assisti) desde Tiros na Broadway (1994). Isso porque os dois últimos filmes dele que comecei a ver parei no meio: Igual a tudo na vida e Melinda e Melinda.
Já o filme de Polanski é simplesmente insosso. É um diretor que eu preciso voltar e ver porque que tem tanto prestígio. Deixo claro que não assisti aos filmes que são considerados seus principais: Repulsa ao Sexo, O Bebê de Rosemary e O Pianista. O único filme dele que se salva dos que eu vi é Chinatown (talvez também o A Morte e a Donzela). No mais, em O último portal, Lua de fel, Busca frenética, Tess, não vejo nada que o credencie.

domingo, 8 de agosto de 2010

Voltando de "A Origem"

Só para registrar a minha opinião que também se fará evidente no "Últimos filmes que vi e cotação". Hoje fui assistir ao A Origem, de Christopher Nolan, achei o filme simpático. Depois de O Cavaleiro das Trevas passei a valorizar bastante o trabalho do diretor e acho ele um dos mais "fortes" e respeitáveis da atualidade, principalmente no contexto norte-americano. Mas hoje - assim como assistindo, por exemplo, Amnésia ou Insônia - não é que ele me decepcionou, pelo contrário, o filme é mais ou menos o que eu esperava dele, mas ele escancara um problema que, na minha opinião, é grave ultimamente: o de achar tudo o que é "psicodélico", "muito louco" e esses tipos de comentário, superior ao resto só por ser "foda". A impressão que fica para mim é que ele descobriu um filão para fazer dele um "autor cult" e o explora e as pessoas o adoram por isso independentemente do filme ser ou não bom (é claro que isso é algo relativo...). O que eu queria registrar é que, na minha opinião, dos filmes dele que eu vi até agora o mais significativo é, com certeza, O Cavaleiro dos Trevas, e eu acho extremamente triste que algumas pessoas prefiram, por exemplo, A Origem a ele. Me parece que, na maioria dos casos, esse sentimento diz respeito a uma rejeição da história de super-herói em favor de algo que não é, necessariamente, melhor, mas que será abraçado por determinada crítica que o acha um filme "genial" porque ele não é O Cavaleiro das Trevas... Essas mesmas pessoas, segundo me parece, acham Amnésia e Amores Brutos filmes notáveis por sua "descontinuidade", por sua "fragmentação", mas isso basta? Eu gosto de Amnésia (não gosto de Amores Brutos), achei A Origem um filme legal, mas não para tanto.
Aguardando os próximos filmes de Nolan...
p.s.: deve-se destacar que Nolan (junto com Tim Burton, Almodovar, Tykwer, entre outros) é um dos poucos diretores em que você encontra hoje em dia uma certa coerência entre os filmes, acho isso importante. Não digo que eles não devam variar (eles devem, viu Woody Allen e Almodóvar!), mas essa "marca" é algo a se destacar.
p.s.: não gosto muito da idéia do "se eu não entendi é bom" que muitas vezes rodeiam alguns filmes (Donnie Darko, Amnésia, etc. - filmes que eu gosto, diga-se de passagem -) e que faz com que uns poucos que se acham "entendidos" se achem. Essa postura, segundo me parece, provém daquela idéia de que os "filmes europeus" ou os "filmes alternativos" é que são bons e que eles são "difíceis de entender". Dessa idéia vem a de que o que é apenas "confuso" passe, por vezes, por inteligente. Não me refiro especificamente aqui ao A Origem, pois acho que é um filme que, inclusive, se explica até demais.