sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dr. House, Fringe e Lost

Bom, quem acompanha essas séries viu o final da 6ª temporada de House, o da 2ª de Fringe e o da última de Lost. Eu acompanho, de verdade, as duas primeiras, a última eu assisto irregularmente (não assisto sempre, perdi praticamente toda a primeira temporada e a última, ou seja, às vezes assisto, às vezes, não).

Dr. House


Comecemos pela minha favorita: House, nessa última temporada o que se vê é um destaque maior dos personagens, House, Wilson, Cuddy, etc. em vez, como acontece na primeira temporada, de se centrar muito nos casos. Acho essa abordagem muito mais simpática, a primeira temporada era bastante cansativa, aliás isso já tinha sido "corrigido" nas temporadas seguintes. Essa "mudança de foco", no entanto, cria um problema (talvez, aqui, a Flávia discorde de mim) que é o de que é necessária uma maior "humanização" do House. Ele mantém seu sarcasmo, sua ironia, mas, quando chegamos muito mais perto, a máscara de cinismo cai praticamente de maneira completa. Acho que uma das características mais importantes dele é que, em certo sentido, ele se aproximava demais dos detetives noir, ou seja, ele é duro, seco, sarcástico, mas, no fundo, sentimental. Na 6ª temporada isso não foi um problema, eles souberam lidar bem com essa questão, torço para que na 7ª também... O único ponto que me deixou com a pulga atrás da orelha no fim dessa temporada é a noção de recompensa que se coloca no último episódio...

Fringe e Lost



Fringe, na minha opinião, é uma boa alternativa para quem (como eu) tem problemas com Lost. Esclareço já: meu problema com Lost é que eles colocam em questão um monte de problemas que não vão (e eu diria que não querem) resolver, isso é "remediado" em Fringe. Em Lost acontecem coisas "fora do comum" o tempo todo e se percebe que o foco não é a solução dessas coisas, mas isso, ao que parece, causou certa decepção aos expectadores dessa série. Ou seja, muitos acharam que teriam uma resposta para tudo, o que, segundo minha opinião, nunca foi "prometido" pela série. Nesse sentido, as pessoas que esperavam que o último capítulo da série "esclarecesse tudo" se iludiram, porque, na minha opinião, eles trabalham num registro em que esclarecimento = empobrecimento e, eu acho, ninguém quer isso. Fringe, pelo contrário, trás um (as vezes mais do que um) evento diferente e se busca uma explicação dele (é isso que faz dela uma série no molde das policiais), isso não explica tudo, porque senão a série não teria a tensão que é característica (a tensão é um dos aspectos fundamentais de Lost também).



Coda

O que eu queria dizer, na verdade, é que todas as séries parecem ter um elemento em comum que se coloca como central em suas estruturas: as relações entre os personagens. Assim, mais importante em Lost do que o esclarecimento de tudo é a amizade, o amor, etc. entre os personagens, os momentos mais impressionantes do fim da série não dizem respeito a grandes revelações sobre a Ilha, mas se referem à ligação entre todos os que estavam lá. Em Fringe e House ocorre algo semelhante.

Um poema simpático de Kipling

Segue abaixo o poema "The Conundrum of the Workshops" que é citado no filme F for fake de Orson Welles, nos dois (no filme e no poema) uma das questões importantes é o que é arte. Eu não conhecia o poema e achei legal, então segue abaixo:

The Conundrum of the Workshops

Rudyard Kipling

When the flush of a new-born sun fell first on Eden's green and gold,
Our father Adam sat under the Tree and scratched with a stick in the mould;
And the first rude sketch that the world had seen was joy to his mighty heart,
Till the Devil whispered behind the leaves, "It's pretty, but is it Art?"

Wherefore he called to his wife, and fled to fashion his work anew -
The first of his race who cared a fig for the first, most dread review;
And he left his lore to the use of his sons -- and that was a glorious gain
When the Devil chuckled "Is it Art?" in the ear of the branded Cain.

They fought and they talked in the North and the South, they talked and they fought in the West,
Till the waters rose on the pitiful land, and the poor Red Clay had rest -
Had rest till that dank blank-canvas dawn when the dove was preened to start,
And the Devil bubbled below the keel: "It's human, but is it Art?"

They builded a tower to shiver the sky and wrench the stars apart,
Till the Devil grunted behind the bricks: "It's striking, but is it Art?"
The stone was dropped at the quarry-side and the idle derrick swung,
While each man talked of the aims of Art, and each in an alien tongue.

The tale is as old as the Eden Tree - and new as the new-cut tooth -
For each man knows ere his lip-thatch grows he is master of Art and Truth;
And each man hears as the twilight nears, to the beat of his dying heart,
The Devil drum on the darkened pane: "You did it, but was it Art?"

We have learned to whittle the Eden Tree to the shape of a surplice-peg,
We have learned to bottle our parents twain in the yelk of an addled egg,
We know that the tail must wag the dog, for the horse is drawn by the cart;
But the Devil whoops, as he whooped of old: "It's clever, but is it Art?"

When the flicker of London sun falls faint on the Club-room's green and gold,
The sons of Adam sit them down and scratch with their pens in the mould -
They scratch with their pens in the mould of their graves, and the ink and the anguish start,
For the Devil mutters behind the leaves: "It's pretty, but is it Art?"

Now, if we could win to the Eden Tree where the Four Great Rivers flow,
And the Wreath of Eve is red on the turf as she left it long ago,
And if we could come when the sentry slept and softly scurry through,
By the favour of God we might know as much - as our father Adam knew!

p.s.: não achei nenhuma tradução, se alguém tiver por favor colabore (até porque minha leitura em inglês é menos do que precária). Outro detalhe, achei o texto na internet então pode ser que tenha algum problema...

sábado, 22 de maio de 2010

Filmes que são salvos pelo fim

Finalmente lembrei (ou fui lembrado) de um exemplo de filme que é salvo pelo final: Dogville!!! O filme estava se encaminhando para ser uma merda, mas o final o salvou...
Você lembra de algum outro exemplo?

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Nova "homenagem", essa um pouco diferente...

Trata-se da publicação de um texto de um amigo com quem aprendi bastante:

Do elitismo acadêmico na crítica literária.


Guilherme Mariano Martins da Silva

Recentemente tenho me questionado e questionado todo o meu círculo social e o próprio meio acadêmico em uma questão que me atormenta: o elitismo do meio acadêmico que se fecha em um círculo constante e inacessível de produção, ou melhor de reprodução. E o pior é que me vejo fadado a entrar neste círculo, por ascenção financeira e intelectual.
O problema deste círculo fechado é o pragmatismo autocrático com que se impõe ele. Devemos ler Machado de Assis, devemos ler Guimarães Rosa, devemos ler poetas sacros, devemos, em suma, estudar o cânone. Mas a pergunta que me atormenta continua. Para que devemos ler o cânone? E outra mais importante: Quem selecionou este canone?
Não estou questionando a qualidade do texto literário de Machado ou de Rosa, bom, de certa forma, estou sim. Mas com o propósito de questionar a seleção do cânone, de questionar esse círculo fechado que é o meio acadêmico. Pois me sinto perdido dentro deste círculo, me sinto perdido dentro dum mundo fechado para o mundo real. O mundo acadêmico não é utópico, mas é idealizado.
Não é utópico na medida em que não se concilia entre si, na medida em que tem seus próprios conflitos internos, sendo completamente fragmentado em subdivisões de metodologias. Mas é idealizado no sentido em que se ignoram a problemática dessa fragmentação e mais idealizado ainda quando se ignoram as primeiras questões feitas no começo deste texto. Estas questões nos remetem a outra questão: Qual a função da crítica literária? E quando penso nisto quase me vejo desempregado.
Eu me perguntava estas questões já a algum tempo e me via cada vez mais perdido até me deparar com a leitura da obra de Terry Eagleton para o meu projeto de mestrado. Em Literary Theory an Introduction, Eagleton faz exatamente estas considerações na sua conclusão e graças a estas estranhas coincidências que me cercam eu percebo que não estou sozinho em meus questionamentos, além de não ser nem original ou brilhante.
Entretanto o mais importante é ressaltar as conclusões de Eagleton, que me elucidaram em muito e que me deixaram em dúvida também. Quando eu digo que o mundo acadêmico da crítica literária é um mundo idealizado, fechado em um círculo vicioso eu digo pois ele é um ideal de crítica que não se realiza no plano material, mas que funciona como uma ilusão, uma quimera que reenforça a super estrutura do elitismo liberal. Eagleton diz exatamente isto, o meio acadêmico, a crítica literária, são ilusórios, são reprodutores de ideologias de controle, querendo eles ou não, sabendo ou não, é isto que o são. E isto nos leva as primeiras perguntas, quem seleciona o cânone? É uma pergunta complicada, pois o cânone já nos veio outorgado por gerações passadas e, embora ele tenha sido revisto e aumentado, pouca coisa mudou. O cânone me parecia quando estava no 1 ano de Letras algo como os 10 mandamentos, hoje posso dizer que a elite aristocrática que o selecionou em conjunto com a elite intelectual que o mantêm servem muito bem as suas ideologias. Não que a obra de Machado ou de Guimarães não sejam dignas, mas por que estudá-las continuamente, às vezes sem propósito além do exercício acadêmico, ao invés de se estudar Matrix ou Invincible? Ou mesmo, por que não estudamos Paulo Coelho? Independemente da qualidade de qualquer uma destas obras, fato é que todas elas são contemporâneas, produtos da nossa história atual, produtos da cultura de massa, voltados para a massa e enquanto a elite acadêmica reproduz um estudo da sensibilidade para uma minoria, abandona a massa aos cuidados de seleção da produção do mercado.
Quando faz isto, a elite acadêmica é nada mais do que uma ilusão do sistema e possui sua parcela de culpa na reificação das massas e no não acesso à cultura pela maioria da população. Possui outro tipo de culpa ainda, o de encarcerar em sua rede sistêmica o cânone e de usá-lo para reforçar essa ideologia liberal.
Felizmente para mim, me deparei com a conclusão de Eagleton, com sua ponderação acerca da morte da crítica literária, do ressurgimento da retórica, a mesma retórica do tempo de Sócrates, voltada para o mundo moderno. Pois segundo Eagleton, além de não se limitar no seu objeto de estudo como a crítica literária, sendo assim muito mais democrática, além de estudar o discurso do texto, enfocando as estruturas formadoras para se chegar as ideologias por trás do discurso analisado, além disto tudo, a retórica realiza estas ações com um objetivo claro, produzir e melhorar o próprio discurso do crítico, do analisador.
Ao final da leitura de Eagleton me senti muito mais tranqüilo qüanto ao meu futuro como crítico, não como crítico literário, mas como cidadão crítico capacitado em retórica e preparado para analisar discursos e depreender formas e ideologias. Quanto ao meu futuro acadêmico, entro nele não como crítico literário, mas como estudante e crítico da cultura e como tal não posso nunca me esquecer do que disse Walter Benjamin: "There is no document of culture wich is not also a record of barbarism." 1, ou nas palavras de Eagleton:
"Men and women do not live by culture alone, the vast majority of them throughout history have been deprived of the chance of living by it at all, and those who are fortunate enough to live by it now are able to do so because of the labour of those who do not.". 2
Notas:
"Não há um documento da cultura que não seja também um registro da barbárie." 1 (Tradução minha)
"Homens e mulheres não vivem somente para a cultura, a vasta maioria deles por toda a História tem sido privada da chance de viver mesmo um pouco para a cultura e aqueles que são afortunados o suficiente de viver para isto agora, só o podem por causa do trabalho daqueles que não podem." 2 (tradução minha).

Quer mais: http://tecladopesado.blogspot.com/

Memórias estudantis [Parte 1]

Quando eu estava na graduação (não que eu ainda não continue) participei de D.A. e C.A., depois de várias desilusões venho procurando manter distância de tudo o que diga respeito à movimento estudantil e essas coisas... Isso, é claro, não quer dizer que eu não ache simpático que, de fato, participa, acho que é um tipo de experiência que todo universitário deve passar. Para abrir essas "memórias" com "chave de ouro" o assunto não poderia ser outro: greve.
Há, inclusive, uma relação intrínseca entre greve e estudantes universitários no sentido de que, de um modo geral, eles (ou melhor dizendo, os seus representantes) sempre são a favor da greve. Eu, inclusive, quando fazia parte de diretório e centro acadêmico era a favor e apoiava as greves.
Que eu me lembre estive presente em pelo menos dois movimentos grevistas, um em 2004 (era bixo) e outro em (2006). Foram duas experiências bastante diferentes. Em 2004 a greve tinha o apoio dos professores, ou melhor, nós os apoiávamos, em 2006, os professores estavam "tímidos" e nós (alunos) apoiávamos a greve. Se eu não me engano, nesse ano houve uma "greve" de alunos que é um negócio a se discutir, mas vamos deixar isso para depois.
Pois bem, o que eu aprendi com as greves:
1º) Greve de professor é SEMPRE por aumento salarial. Não importa qual o tamanho da lista de "exigências", quando o salário deles é aumentado a greve acaba (e, geralmente, esse aumento nem precisa ser um Aumento, qualquer coisa é melhor do que nada);
2º) Esse papo de greve por uma universidade pública melhor na maioria das vezes é conversa, a não ser no sentido de que, ganhando mais os professores dão melhores aulas e aumenta a qualidade do ensino;
3º) Greve de funcionários no IBILCE é algo muito estranho. Eles entram em greve e daí? Os professores continuam dando aula, os alunos assistindo as aulas, boa parte dos funcionários continuam trabalhando e não me assustaria que todos eles assinem o ponto.

Chegamos, assim, ao motivo desse comentário. Apoio a greve de funcionários deve ser algo negociado. No meu ponto de vista, não vale a pena apoiar os funcionários se a greve deles se reduzir a fechar a biblioteca, o pólo e o protocolo. Nos dois primeiros casos (polo e biblioteca) os ÚNICOS prejudicados são os alunos. E o protocolo só prejudica o trabalho burocrático. Para a greve dos funcionários ter efeito é necessário o número (a massa) dos alunos para fazer barulho e a pressão que os professores podem criar. Desse modo, se a greve dos funcionários não "atrapalha", não prejudica os professores e não faz com que eles tomem uma providência ela só traz benefícios para os próprios funcionários e, mesmo que os alunos se compadeçam com os problemas deles, não vale a pena se ferrar por nada.
Os funcionários querem apoio dos alunos, pois então eles que parem de limpar os banheiros, fechem as portarias, fechem as salas, tirem as carteiras das salas (nós, certamente, ajudaremos nesse trabalho pesado), mas apenas fechar a biblioteca e o pólo não dá para apoiar.

PS: sobre greve de alunos. Desde de que eu estou no IBILCE isso nunca existiu porque greve de alunos é FÉRIAS. Se os alunos querem reivindicar algo, o melhor a fazer é manter todos na faculdade com atividades e movimentos, "decretar" greve acaba com o movimento...

Inté...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Os 10 maiores campeões do mundo

1º Brasil (5 títulos)
2º Itália (4 títulos)
3º Alemanha (3 títulos)
São Paulo (3 títulos)
Real Madrid (3 títulos)
Milan (3 títulos)
Boca Juniors (3 títulos)
Nacional (3 títulos)
Peñarol (3 títulos)
10º Argentina (2 títulos)

Propagandas engraçadas [Parte 2]

Propagandas engraçadas [Parte 1]







segunda-feira, 17 de maio de 2010

Ciclo "homenagens"

Próxima "homenagem" será para a música sertaneja (a de verdade, não Zezé de Camargo e Luciano, Leandro e Leonardo, essas coisas assim), mas vou precisar de um tempo hehehe

domingo, 16 de maio de 2010

Faroestes, os que mais gosto

Já que resolvi levar esse blog um pouco mais a sério tem algumas "homenagens" que não posso deixar de prestar... Como, provavelmente, falarei bastante de filmes aqui, vou fazer uma "lista" dos 10 + na minha opinião, é claro. Trata-se de uma "homenagem" porque foi com eles que eu aprendi a gostar de cinema (ah, só tenho 23 anos, então não assisti esses filmes, de fato, nos cinemas), ou seja, foi com John Wayne, Kirk Douglas, James Stewart, Clint Eastwood, Audie Murphy, Gregory Peck, Randolph Scott, Robert Mitchum, Richard Widmark, Burt Lancaster, Dan Duryea, Joel McCrea, Stephen McNelly, Lee Van Cleef, entre outros. Em grande parte, assistindo as sessões de bang bang da Record, depois da Tv Família, e da Band até que eu passei a ter acesso aos canais pagos... Aproveitando a deixa, em muito devo, então, ao meu pai, que adora westerns, e também ao tio Ieca que me deu várias dicas... Ia ser os 10 +, mas podem se tornar 11, 12, 13, sei lá, quantos eu precisar... Essa lista, inclusive, costuma estar em constante mudanças porque estou sempre a procura de novos faroestes... Ah, a ordem de gosto é algo que muda, um dia gosto mais de um, no outro gosto mais de outro...


1. O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA (The Man Who Shot Liberty Valance, 1962). Diretor: John Ford. Elenco: James Stewart, John Wayne, Lee Marvin, Vera Miles, Edmond O'Brien, Andy Devine, Jeanette Nolan, John Qualen, Woody Strode, Lee Van Cleef, Strother Martin, Denver Pyle.
Um filme excepcional do mestre dos faroestes (e do cinema como um todo) John Ford. É nesse filme que é dita a frase imortal: "When the legend becomes fact, print the legend" (mais ou menos: "Quando a lenda se torna fato, imprima a lenda"). Uma atuação impecável de James Stewart e de John Wayne. Uma curiosidade é que, apesar de o título do filme se referir ao seu personagem, o "protagonista" do filme é o personagem de Stewart, isso é curioso porque Wayne é famoso por ser o ator que mais atuou em filmes como protagonista, isso se torna ainda mais interessante devido ao fato de esse ser um de seus melhores filmes. Nesse sentido vale uma nota, apesar de reclamarem que ele "só faz um papel, o dele", nesse filme, assim como em boa parte dos bangue-bangues, esse "tipo" é importante. Aqui (como em outras obras), ele empresta ao filme não apenas a sua atuação, mas a sua "marca". Se se reclama que ele não era um grande ator por desempenhar sempre o mesmo tipo de personagem, não deve-se tirar o mérito de ele encarnar esse personagem de maneira inigualável.



2. ONDE COMEÇA O INFERNO (Rio Bravo, 1959). Diretor: Howard Hawks. Elenco: John Wayne, Dean Martin, Ricky Nelson, Angie Dickinson, Walter Brennan, Ward Bond, John Russell, Pedro Gonzalez, Estelita Rodriguez.
Segundo filme, segundo com o John Wayne. Esse filme tem uma porção de curiosidades que valem a pena ressaltar. A primeira: reza a lenda que esse filme foi feito como uma resposta a "Matar ou morrer" (High Noon, 1952) de Fred Zinemann, a se reparar, primeiro, a semelhança entre as duas histórias, em ambos os casos o xerife por fazer o que acha certo e não se render à pressões se coloca numa posição difícil. Se a situação é, a principio, parecida, o tratamento é diverso, enquanto no filme de Zinemann o xerife se vê sozinho, abandonado pela cidade que protegera quando foi preciso, no filme de Hawks, o xerife John T. tem problemas em manter seus amigos e a população fora do problema, preferindo cuidar ele mesmo (juntamente com seus ajudantes) do problema. Trata-se, é claro, também de um posicionamento político, principalmente porque Hawks (assim como Wayne) considerava o filme "Matar ou morrer" um filme "anti-patriótico", pois passava uma visão de uma sociedade americana acovardada, que não defendia na prática os princípios que brandava na teoria. Outra curiosidade é a questão da tradução do título que é, de fato, uma bagunça. Ao que parece, preferiu-se, no Brasil, traduzir o título do filme como "Onde começa o inferno" porque o nome "Rio Bravo" tinha sido dado a um filme de John Ford que se chamava "Rio Grande" e, para que não houvesse confusão, preferiu-se essa versão do título do filme (aliás, traduções de títulos de filmes estranhas, bizarras, etc. é o que não falta, algumas para bem outras para mal... Ex: Shane/Os brutos também amam [!?]). Já que falamos de John Ford de novo, acho proveitosa a aproximação desses dois diretores (amados pelos representantes da novelle vague) porque ambos representam um tipo de diretor: os contadores de histórias. Eles sabiam como ninguém apresentar uma narrativa para seus expectadores, no meu ponto de vista, são poucos que ainda fazem isso: talvez o Eastwood ou o Tim Burton... a se ver mais... A minha última curiosidade diz respeito a outros dois filmes, ambos dirigidos por Hawks e estrelados por Wayne que podem ser vistos como variantes desta história: Eldorado e Rio Lobo. Isso parece mostrar a força que Hawks achava que tinha essa história, no que concordo com ele, Eldorado conta com Robert Mitchum no elenco... não vai constar nesta lista de aproximadamente 10, mas vale a pena conferir. Quanto a Rio Lobo, sou apaixonado pela música que toca enquanto passam os créditos no inicio do filme...



3. TERRA BRUTA (Two Rode Together, 1961). Diretor: John Ford. Elenco: James Stewart, Richard Widmark, Shirley Jones, Linda Cristal, Andy Devine, John McIntire, Mae Marsh, Anna Lee, Harry Carey Jr., Woody Strode.
Mais um filme de John Ford e o último desta lista (deixo de fora os dois que são considerados, em termos de faroeste os principais: Rastros de Ódio/The searchers (1956) e No tempo das diligências/Stagecoach (1939)). Quem conhece sabe que esse filme é, em certo sentido, muito parecido com Rastros de Ódio, pois, assim como aquele, conta a história de um "resgate" de brancos seqüestrados pelos índios. Os dois filmes possuem, no entanto, tons muito diferentes, enquanto o filme de 1956 se marca por uma forte seriedade e lirismo, o filme de 1961 é mais sarcástico-irônico, de um humor cortante, quase visceral. O primeiro é estrelado por Wayne, enquanto este tem como ator principal James Stewart. Ambos os personagens são homens duros, secos, que expressam um certo desencantamento com o mundo, mas se no filme mais famoso é marcado pela raiva que o protagonista sente pelos peles-vermelhas e que, aparentemente, se transfere à sua sobrinha seqüestrada, no seu "primo pobre" o personagem de James Stewart é um cínico que procura se aproveitar financeiramente da situação das famílias que tiveram seus parentes tomados de si. Alguns dos diálogos (bem como a amizade) entre o personagem de Stewart e Widmark tem momentos antológicos... a interpretação de Stewart, para variar, é notável.



4. BALAS QUE NÃO ERRAM (No name on the bullet, 1959). Diretor: Jack Arnold. Elenco: Audie Murphy, Charles Drake, Joan Evans, Virginia Grey, Warren Stevens, R.G. Armstrong, Willis Bouchey, Edgar Stehli, Simon Scott, Karl Swenson.
A história é bem simples: famoso matador profissional (Murphy) chega a uma pequena cidade. O xerife, mesmo sabendo que ele matou muitos, não pode prendê-lo porque não há um mandato de prisão para ele. Motivo: ele faz com que aqueles que ele é pago para matar saquem primeiro, logo, mata por legítima defesa. A população se põe em polvorosa, tentando advinhar de quem ele está atrás, muitos entram em pânico, pensando que são o seu alvo. Um exemplo de filme B muito bem realizado, Jack Arnold - mais conhecido por seus filmes de terror, alguns deles são considerados cults (O monstro da Lagoa Negra, 1954, por exemplo) - consegue criar um forte clima de tensão entre os personagens. A se destacar a contraposição entre o médico e o assassino, um dos elementos marcantes do filme, bem como a maneira como ele transgride as noções de mocinho e bandido, comuns nesse gênero.


5. O RIO DAS ALMAS PERDIDAS (River of no return, 1954). Diretor: Otto Preminger. Elenco: Robert Mitchum, Marilyn Monroe, Douglas Spencer, Rory Callhoun, Tommy Rettig, Murvyn Vye, Claire Andre, Don Beddoe.
Esse é um filme um pouco diferente dos outros. A história é a seguinte: um fazendeiro que vive com o filho às margens de um rio ajuda um casal a sair de um balsa na qual eles viajavam em busca de chegar a Carson City. Ao perceber que a viagem de balsa seria praticamente impossível o homem rouba o cavalo e o rifle do fazendeiro, deixando ele, seu filho e sua namorada à mercê dos índios. O fazendeiro para fugir dos índios e em busca de vingança tenta fazer com o filho e a namorada do outro o percurso até a cidade de balsa... Se o cenário não fosse prototípico do western, poderia dizer-se que se trata de um filme de aventura nas corredeiras do rio. Destacam-se algumas imagens particularmente bonitas, em especial, a do começo do filme e as que se passam no rio. O diretor Preminger (conhecido por filmes como Laura, 1944, e Anatomia de um crime, 1959) não é um especialista em faroestes, mas constrói um filme sólido e marcante para o qual contribuem as interpretações de Mitchum e Monroe (um dos filmes em que ela está mais bonita, apesar de que o figurino e a sua dança nas cenas do saloon não ajudam muito).


6. CONSCIÊNCIAS MORTAS (The ox-bow incident, 1943). Diretor: William A. Wellman. Elenco: Henry Fonda, Dana Andrews, Mary Beth Hughes, Harry Davenport, Anthony Quinn, William Eythe, Harry Morgan, Jane Darwell, Matt Briggs, Frank Conroy.
Um filme "sencillo" e tocante que se coloca quase como um manifesto contra a barbárie do linchamento. Conta a história de um homem que chega a uma cidadezinha e tenta impedir que a população enforque um homem que teria cometido um assassinato. Henry Fonda interpreta o homem que tenta impedir o linchamento num papel que parece ter sido feito para ele (Fonda participou de outros faroestes importantes como: My Darling Clementine/Paixão dos Fortes, de John Ford, e Era uma vez no Oeste/Once upon a time in Oeste, de Sergio Leone). Trata-se de um filme bastante curto, apenas 74 minutos, mas que não tem uma frase, uma tomada que não seja essencial. Destacam-se os diálogos que constroem a tensão dramática do filme e o fim que coroa toda a produção.


7. OS IMPERDOÁVEIS (Unforgiven, 1992). Diretor: Clint Eastwood. Elenco: Clint Eastwood, Gene Hackman, Morgan Freeman, Richard Harris, Jaimz Woolvett, Saul Rubinek, Frances Fisher, Anna Levine, Rob Campbell.
Clint Eastwood parece ter conseguido nesse filme fazer uma espécie de síntese entre o faroeste mais tradicional e o spaghetti western, numa fusão de violência e lirismo como poucas vezes se viu na história desse gênero e do cinema como um todo. Embora o filme ainda esteja fortemente ligado a um posicionamento "revisionista", ou seja, que faz uma releitura da vida do Oeste e de suas lendas, demonstrando toda a violência, a impunidade, que muitos filmes "jogam para baixo do tapete", nota-se que ele consegue se desgarrar bastante do estilo spaghetthi em que, às vezes, a história era deixada de lado para a explosão da violência, do grotesco, do "baixo". Um filme maravilhoso e com uma trilha sonora perfeita.


8. NA TRILHA DOS PROSCRITOS (Ride a Crooked Trail, 1958). Diretor: Jesse Hibbs. Elenco: Audie Murphy, Gia Scala, Henry Silva, Walter Matthau.
Homem (Audie Murphy) mata xerife famoso e chega a uma cidade em que o juiz (Walter Matthau) é também o xerife e com mão de ferro mantém a paz na cidade, seu lema é: atirar primeiro, perguntar depois. Nesse cidade, o personagem de Audie Murphy por ter roubado a estrela do xerife que matou é confundido com ele e é nomeado xerife daquele lugar. As coisas se complicam quando a quadrilha de que ele fazia parte chega à cidade e quer a ajuda dele para assaltar o banco. Mais um filme B com momentos engraçadíssimos... A atuação de Walter Matthau como o juiz bêbado é espetacular...


9. A MORTE NÃO MANDA RECADO (The Ballad of Cable Hogue, 1970). Diretor: Sam Peckinpah. Elenco: Jason Robards, Stella Stevens, David Warner, L.Q. Jones, Strother Martin, Slim Pickens, R.G. Armstrong, Gene Evans, Peter Whitney, William Mims.
Peckinpah talvez seja um dos mais viscerais diretores de faroestes. Seus filmes (Meu sangue será sua herança, Juramento de vinganças, por exemplo) são bastante violentos, abordando os tipos miseráveis, sujos, de "mau caráter", etc. Nesse sentido, as suas obras dialogam com os spaghetti westerns (e são o mais próximo que esses filmes chegarão da lista hehehe). Por outro lado, boa parte de seus filmes foram realizados num período (decadas de 60 e 70) em que o faroeste entra em declínio, e, em certo sentido, os seus filmes são sobre o declínio do próprio Oeste com a chegada da modernização e da "civilização". Nesse filme se percebe como a modernidade atropela o estilo de vida do Antigo Oeste essa já havia sido o tema de um dos mais importantes filmes de Peckinpah: Pistoleiros do Entardecer (1962).



10. HOMEM SEM RUMO (Man without a star, 1955). Diretor: King Vidor. Elenco: Kirk Douglas, Jeanne Crain, Claire Trevor, Richard Boone, Jay C. Flippen, William Campbell, Myrna Hansen, Mara Corday, Eddy Waller, Sheb Wooley.
Não podia deixar a lista sem um filme do Kirk Douglas, estava entre este filme, Sem lei e sem alma, O último pôr do sol (que tem a cena antológica em que o personagem de Douglas vai para o duelo sem carregar a arma), Duelo de Titãs, escolhi este (o triste é que entre os 10 não há nenhum sobre o duelo no Curral OK). O título em português perde uma duplicidade que há no título em inglês o "sem estrela" pode ser entendido tanto no sentido de "sem rumo, sem um norte" como "não é um xerife", mas ele acaba fazendo o papel de um. Mais um filme que mostra o "desastre" que o progresso, simbolizado pela cerca de arame farpado, traz ao modo de vida do Oeste.


Vou encerrar a lista com esses 10, mas segue abaixo sugestões de filmes para se assistir. Praticamente todos poderiam ter lugar nessa lista: E o sangue semeou a terra, Da terra nascem os homens, Atire a primeira pedra, O último pistoleiro, Ardida como pimenta, Comando Negro, Eldorado, Rastros de Ódio, No tempo das diligências, Sem lei e sem alma, Um pecado em cada alma, Onde impera a traição, Meu sangue será sua herança, Josey Walles, Paixão dos fortes, Pistoleiros do entardecer, etc.

ALGUNS FILMES CONSIDERADOS CLÁSSICOS DO GÊNERO, MAS QUE EU NÃO GOSTO MUITO:

MATAR OU MORRER
ERA UMA VEZ NO OESTE
TRÊS HOMENS EM CONFLITO
DANÇA COM LOBOS
RIO VERMELHO
OS BRUTOS TAMBÉM AMAM

"Is good to be back" Ivan Vanko

De volta de um fim de semana em Três Lagoas... É legal retornar ao lugar onde crescemos... Vi pessoas que não via a 10 anos... Tudo está diferente, a cidade, as pessoas, a casa... mas eu ainda sinto algo quando estou lá...
Acabada a sessão naftalina... churraz e cerveja com o pai e o Ciço... legal...
Ah, outra coisa, é estranho, sempre achei um clichê, mas, de fato, as coisas parecem muito menores hoje em dia... o relógio do centro (que antigamente eu achava monstruoso) parece que poderia caber dentro do meu bolso... a casa, principalmente porque as janelas são muito baixas, parece mínima... só a caixa d'água da Sanesul ainda se mantém imponente...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Placar do Morumbi

o

Um dia simpático

Lembrando de sábado... Pizza, cerveja e filmes. Além da companhia, é claro. Pena que a Mirane se recusou a assistir os filmes com nós e o André foi embora quando fomos comprar as pizzas.
A idéia era assistir filmes bizarros, estranhos, em suma, trash. Começamos com o Terror na Antártida, um filme muito ruim que não sai do lugar, é muito chato, nem a Kate Beckinsale salvou... Depois, A noite do Demônio, um clássico dos filmes de "horror" (mais do que de "terror", porque medo o filme não dá, mas que é nojento é...). Por fim, aproveitando a onda, assistimos Anticristo, que não tem muito a ver com os outros, mas completou bem a noite...
Gui, precisamos repetir a dose, dessa vez com whisky hehehe.

O problema do fim

Sobre três filmes que assisti recentemente e que os finais me incomodaram.

Uma coisa que me incomodou bastante tanto em Bastardos Inglórios, quanto em Alice no país das maravilhas é o modo como esses filmes terminam, ou melhor o fim que é dado a eles. O terceiro caso, Um olhar do paraíso, é um pouco mais complicado porque o problema não é "só" o fim.


1. Bastardos Inglórios

O começo do filme é absolutamente deslumbrante... a referência aos faroestes, é um dos melhores inícios de que eu me lembro, talvez junto com Uma simples formalidade, O poderoso chefão e Apocalypse Now (só lembrei desses agora...). O problema, do meu ponto de vista, é que ele constrói toda uma caracterização em cima do Landa que, no fim, se mostra um bobão que se ferra. Nesse sentido, o filme me lembra um pouco a série Harry Potter em que o Voldemort, depois de passar toda a série sendo descrito como um dos maiores (senão o maior) bruxo de todos os tempos, passa a ser, no sétimo livro, um otário que conhece muito pouco de magia. Além disso, embora não deixe de ser engraçado ver Hitler e companhia morrerem antes do final da guerra, esse final em que praticamente todos morrem (mesmo se considerarmos uma referência aos filmes de Peckinpah, em especial, Meu sangue será tua herança) acaba se firmando como uma forma pouco inspirada de terminar o filme, ou melhor, fiquei com a impressão de que aquela foi uma alternativa para a falta de alternativa. Em outros termos, a impressão que me passou foi a de um filme que não tinha um fim (ou que talvez o fim era muito “convencional”, ou melhor ainda, muito linear), essa busca por algo diferente “cria” a reviravolta que se vê no filme, em que quem está fazendo “tudo errado” e esperando por um milagre se dá bem e quem tem tudo sob controle (o Landa) se ferra. É, por assim dizer, um final desleixado, embora, é claro, faça certo sentido com o filme que, por um lado, parece adotar uma postura bastante irreverente (a morte de Hitler e de seu alto escalão comprova isso, bem como os próprios bastardos), mas o filme, por outro lado, adota, no meu ponto de vista, um tom sério e o final soa como um tiro no pé. Em Cães de aluguel temos um final bem parecido, embora lá faça sentido, aqui ficou forçado.


2. Alice no país das maravilhas

Eu não fui assistir o filme na estréia e, ao chegar em casa, a Mirane (que gosta dos Bastardos e que discorda da opinião acima expressa) falou que ela achava que o Alice fazia o que eu dizia que o filme de Tarantino tinha feito. Pois bem, fui assistir. Para me livrar de comentar o filme todo digamos que, até o fim, ele é simpático. O fim, realmente, é um problema, embora, na minha opinião, diferente do que se encontra em Bastardos Inglórios. Se neste o problema é que o fim parece forçado dando a idéia de que não tinha um fim e se “adotou” um “fim provisório” para ser diferente, em Alice, Tim Burton (um diretor que eu gosto demais) não soube quando terminar o fim. O filme termina, mas ele continua... Aquele fim com ela voltando para o mundo “real” e fazendo aquele discurso despropositado é extremamente desnecessário... Talvez alguns diretores devam aprender a lição de escritores como João Cabral, Carlos Drummond de Andrade, Cardoso Pires, etc. de que o trabalho de cortar o que é desnecessário, o que não é essencial, ou seja, de lapidar o texto é fundamental. No entanto, se, por um lado, para o filme em si faz muito pouco sentido, na relação com o livro (Alice no país das maravilhas) esse final (tosco) parece fazer sentido, pois se no livro de Carroll a noção do sonho vem “salvaguardar” o maravilhoso “no seu devido lugar” (numa visão preconceituosa e pragmática ao extremo), ou seja, na imaginação, na fantasia, o filme de Tim Burton vem com uma lição moral que contrapõe o maravilhoso e a “realidade” o que, diga-se de passagem, soa um pouco incoerente com o resto de sua obra...


3. Um olhar do paraíso

Esse filme que, confesso, só fui assistir porque é dirigido pelo Peter Jackson é um caso a parte. Trata-se de um dos piores filmes que eu já vi (compete com o Crepúsculo, com o Harry Potter 5, entre outros). Foi uma experiência, no mínimo engraçada, pois foi um dos filmes que eu me senti mais angustiado de todos, pois você vai vendo o filme se colocar numa situação que não tem volta... vai vendo ele definhando e se tornando a porcaria que é, mas você imagina que o Peter Jackson (um bom diretor) vai tentar fazer algo para “arrumar” aquilo, que não é possível o filme ser ruim daquele jeito... você espera por um final salvador (sim! Sabe aqueles filmes que são ruins, mas que um final inspirado tira ele da lama e o transforma num filme assistível? Não lembro de nenhum exemplo agora...), mas nada... o filme vai se complicando (não no sentido de criar um problema difícil de ser resolvido), mas porque você vai ficando com a sensação de que ele não tem salvação... Chega o fim e ele consegue ser tão tosco (ou mais ainda) que o resto do filme... você sai do cinema e estar fora daquela sala (que eu adoro) parece uma coisa boa!!! É pra acabar.

Essa é boa!

É pra acabar!!! hehehehehe

domingo, 2 de maio de 2010

Molecagem, malandragem e "malandragem"

O jogo de hoje entre Santos e Santo André revela muita coisa sobre a imprensa brasileira e, de uma forma geral, sobre um estereótipo de brasileiro que se insiste em manter a qualquer preço. Eu, pessoalmente, acho que esse estereótipo é enganoso (ou tenho esperança que seja). Esse é o assunto desse texto.

1. Diferenciação entre molecagem, malandragem e "malandragem".

Eu não contesto a habilidade dos jogadores do Santos - em especial do André, do Neymar e do Ganso -, negar isso é uma bobagem que não faz sentido, de fato eles são habilidosos. Não é um erro dos árbitros "proteger" jogadores habilidosos de entradas duras. O problema é os jogadores se utilizarem dessa "proteção" cavando faltas e arrumando confusão e os árbitros serem coniventes. Aí é que entra o que eu, aqui, denomino de maladragem. Outro problema, talvez maior que o anterior, é a imprensa chamar de molecagem esse tipo de atitude. Principalmente se compararmos essa malandragem com a "malandragem" de que sempre acusamos os argentinos. Pois bem, aqui está o problema, os argentinos provocam, batem, xingam e, muitas vezes, tem a proteção do juiz e nós (os brasileiros) sempre ficamos indignados, revoltados com essa postura. Isso é mais ou menos a mesma coisa que acontece com os jogadores do Santos, com uma diferença. Os jogadores argentinos fingem ter tomado um murro, um tapa, uma cotevelada, mas (com a excessão, talvez, do Ortega e do Dalessandro), dificilmente ficam caindo o tempo todo pedindo falta. A "malandragem" deles é mais psicológica, não depende exclusivamente de uma proteção exagerada do árbitro. Embora o xingamento e a provocação possam ser vista como atitudes anti-esportivas elas são mais difíceis de se coibir do que o "cai-cai". Essa questão fica ainda mais interessante se compararmos, por exemplo, Neymar, Ganso e Robinho a jogadores como: Valdívia, Dagoberto e Dentinho. Estes, ao contrário daqueles, foram marcados pela arbitragem de tal maneira que ao primeiro sinal de fingimento eram advertidos com cartões, enquanto os jogadores do Santos caem 40 vezes por jogo e o juiz marca 35 e nas outras 5 não adverte o jogador por "fingimento". O time do Santos tem, realmente, jogadores muito habilidosos, mas fica complicado para qualquer defesa marcá-los sem poder encostar, fazer faltas, etc. A falta faz parte do jogo tanto quanto o drible, o exagero deve ser coibido, mas o ato em si desde que não seja violento é um recurso do defensor. A molecagem, como o próprio nome parece sugerir, implica coisas de "moleque", coisas que são aturadas ou entendidas porque se supõe que haja uma certa "inocência" nas ações, o que não se pode dizer do time do Santos. Os jogadores santistas usam deliberadamente esse "habeas corpus" dos juízes para cavar faltas. Isso não é molecagem, é malandragem, sem aspas. Apoiar e fingir não perceber isso é uma questão intrigante por parte da imprensa.

2. A imprensa, o sonho e o engodo.

Vou começar, novamente, falando que não há dúvida quanto à habilidade dos jogadores santistas, para que não haja dúvidas. O que me incomoda é a "vista grossa" que os jornalistas fazem para o fato de que em 3 dos 4 jogos das finais do paulistinha o Santos foi deliberadamente favorecido pela arbitragem. Contra o São Paulo, valeu gol de mão, gol impedido, jogador do São Paulo foi indevidamente expulso (outros que mereciam não foram), tudo, absolutamente tudo, era falta, etc. Mas não vou me ater nisso porque o São Paulo foi frouxo e não mereceu esse post. Contra o Santo André, no último jogo, a situação foi parecida (um gol absolutamente em posição normal foi anulado), além da cera tolerada e a cada falta do time do ABC foi punida com cartão amarelo. Neymar e Ganso se jogaram a vontade e o árbitro que não marcou boa parte dessas caídas não puniu eles por fingimento. O problema é que com a vitória do Santos esses "detalhes" foram esquecidos e o que se vê são manchetes do tipo: "Sofrido, com oito jogadores, mas com Ganso em noite mágica, o Santos é campeão" (GLOBO) ou ainda "Neymar brilha, Santos segura o Santo André com dois jogadores a menos e conquista o Campeonato Paulista de 2010" (ESPN). Como nenhum dos canais de imprensa que eu tenho acesso (e olha que vejo coisas distintas como a Globo e a ESPN, que se vangloria por não precisar fazer média com ninguém) e as opiniões são unânimes, resolvi bolar uma teoria sobre o motivo dessa adoração ao Santos.:
Tendo em vista que jornalistas sérios como boa parte dos da ESPN não veem nenhum problema com as vitórias do Santos, imagino eu que o desejo de um futebol vistoso (coisa que, contra os times grandes e mais o Santo André, o Santos só mostrou no segundo tempo do jogo contra o São Paulo e no primeiro tempo contra o Palmeiras) impede de ver esses erros crassos da arbitragem, bem como a malandragem a que me referi anteriormente. Bem, também posso ser eu que, como quer meu pai, não sei ver jogo de futebol e estou "mal intencionado" com o Santos.

3. Lembranças de outras épocas (Eras)

Me lembro de que quando o Kaká (ainda Cacá) subiu para os profissionais do São Paulo, todos demonstravam medo por ele ser "fraquinho fisicamente", pois o futebol profissional é muito mais "pegado" do que as categorias de base. Pois bem, arrisco a dizer que, se ele estivesse jogando no Santos, atualmente, não teria esse problema, pois o futebol "pegado" tornou-se o futebol "amarelado" e "avermelhado". Queria ver esse time do Santos na Libertadores, é claro que com arbitragem estrangeira.

4. O problema do estereótipo

Uma das coisas que muito se reclama da visão que os estrangeiros têm do Brasil diz respeito, justamente, a essa idéia de malandragem, de impunidade (derivando para a política, corrupção, etc.). Esse habeas corpus dado à malandragem santista e encampado pela imprensa parece revelar o pior: que isso tudo é realmente verdade, que é algo que está fortemente arraigado na cultura brasileira. Espero, sinceramente, que não.